sábado

Reencontro


O ônibus pára, eu salto. Estáuto, assisto o caminhar das pessoas, até reconhecer os passos de clara. Então já passaram por mim dezenas de pessoas que vão e para lá e para cá, como se fossem águia em pleno ataque. As criaturas parecem sem destino...
Vejo no reconhecimento a mesma beleza de Clara. A moça conservara consigo os aspectos que sempre admirei. Sendo mais ágil que ela, logo a saúdo. Este é o mesmo corpo da minha clara, novamente em meus braços. Pergunto-lhe como vai o pessoal. O silêncio dela é tão surdo, tão ruim, tão silencioso, que me lembro logo: tempos atrás recebi notícias da morte de seu pai. Seu pessoal era apenas ele. Fico sem jeito, envergonhado.

Ao lado dela, recaído em mim mesmo, digo coisas e leio a resposta em seus olhos. Sinto que a lágima lhe acaba de nascer e ensaia sua corrida. Novamente mexo nos sentimentos alheios, mesmo sem querer. Ainda desconcertado, procuro encontrar outro caminho:
-Vamos, desculpe-me... Tomara que eu consiga pagar-lhe esta falta.
Seguimos o nosso mesmo caminho; afinal, se ficarmos aqui, jamais chegaremos à casa dela. Há comigo a certeza da plena copreensão por parte da moça amiga. Creio que ela jamais me julgará mal; mas, também, jamais poderá conter aquela lágrima que restou para mostrar que ficaram marcas. Em mim há incerteza dos caminhos, pois, até então, pensava ser a morte outra vida. Mas a lágrima dela, nela sem usar nenhuma frágma de som, expressa todo o contário às minhas percepções. Não há nela certeza alguma, há apenas uns lábios que sorriem, enquanto os olhos choram e uma carinha feia, mostrando contrariedade, deixa o coração de fora, para não sofrer nenhum acúmulo de rancor. O que eu nem ela entendemos, é por que não mais conversamos. Temos mil assuntos para comentar, há muitas novidades boas e ruins, todas ocorridas desde a minha partida. No entanto, um encontro sem relax total, ficamos recisos ao longo metro que nos separa. Ainda assim, seguimos avante, com as mãos dadas, mesmo cientes de que elas não sabem de nada.
Vamos seguindo, juntos e separados, ansiosos por falar e colados.. Estamos aqui mas sabemos que o tempo passado na distância de duas partes, transformou os pensamentos e talvez os quereres.


Deoclides Guimarães Filho

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